O terceiro jogo do Corinthians no turno decisivo de 1977 foi
uma pré-decisão. O clássico contra o Palmeiras no dia 18 de setembro era de
vida ou morte para os dois. Com apenas 1 ponto ganho em 2 jogos, o Timão não
podia nem pensar em perder, já que o São Paulo havia ganho de Santos e Botafogo
durante a semana e já acumulava cinco pontos no Grupo F. O Palmeiras estava com
dois pontos em três jogos no Grupo E, atrás de Ponte Preta, Botafogo e Santos. Apesar da
fase dos dois times, mais de 44 mil pessoas pagaram ingresso e assistiram a um
duelo mais tático que técnico. Como o Palmeiras estava totalmente sem
inspiração, o Corinthians aproveitou. Zé Maria fez 1 a 0, cobrando pênalti
sofrido por Palhinha, numa segunda cobrança (a primeira entrou, mas o juiz
mandou voltar). No segundo tempo, Vaguinho ampliou, de cabeça, após cruzamento
de Romeu. O Corinthians respirava e o Palmeiras dava adeus ao campeonato. Mas
ainda teríamos muito drama pela frente.
Enquanto isso... Naquele domingo, a população de São Paulo
descobriu que a proclamada abertura política do governo Geisel ainda teria um
longo caminho a percorrer. Não bastasse a prisão, poucos dias antes, do
cronista da Folha de São Paulo Lourenço Diaféria, um ato chamado “Solidariedade
aos Injustiçados e Oprimidos”, marcado para a igreja de Nossa Senhora da Penha
e organizada pela Comissão de Justiça e Paz de São Paulo, terminou com
pancadaria protagonizada pelas “forças de segurança”. Com direito a bombas de
feito moral e mais de 50 prisões, agentes à paisana distribuíram socos, pontapés
e golpes de cassetetes nos manifestantes que saíram em passeata pelas ruas do
bairro. Sobrou até para a reportagem que cobria o evento. Maus presságios para
a semana que teria 3º Encontro Nacional dos Estudantes, marcado para o campus
da USP.
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