Confesso que quando decidi fazer um quase diário do título paulista de 1977 a partir do início do turno decisivo, e mergulhar nas páginas dos jornais da época não imaginava que fosse me envolver tanto. Me peguei torcendo e roendo as unhas nos dias que antecediam os jogos. Não foi diferente neste Corinthians e Portuguesa do dia 29 de julho daquele ano. No Grupo E, estava tudo decidido: a Ponte Preta deu uma arrancada rumo à final e ficou muito folgada na frente, deixando Palmeiras, Santos e Botafogo-RP a ver navios. No Grupo F, a situação foi bem mais complicada. O São Paulo conseguiu uma sequência de vitórias e ficou na liderança com 8 pontos (na época, a vitória valia 2 pontos), deixando Lusa com 6 e Corinthians com 5. Assim, o clássico daquela fria noite no Morumbi era do tipo “perdeu, morreu”. Mais de 35 mil pessoas assistiram a um Corinthians que entrou em campo tocando a bola, sem pressa, porém sem nenhum objetividade. No segundo tempo, o time voltou mais ligado. Zé Maria perdeu um gol feito logo no início. Aos 20 minutos, Adãozinho substituiu Vaguinho e, no minuto seguinte, lançou Geraldão, que cabeceou meio esquisito, por cobertura sobre o goleiro Moacir. O atacante ficou caído no gramado devido a uma pancada nas costas, enquanto a Fiel fazia enorme festa. Depois, foi só segurar a Lusa. Ficou tudo para o domingo, num clássico contra o São Paulo que ia decidir o outro finalista do campeonato. O empate era deles e o meia/atacante Palhinha ainda tomou o terceiro cartão amarelo e era desfalque certo. A Fiel começou a sonhar com o título, mas mantinha os pés bem fincados no chão.
Enquanto isso... O diretor-geral do FMI critica as elevadas taxas de desemprego nos países ricos e o crescente protecionismo comercial. O presidente do Banco Mundial faz um apelo aos países desenvolvidos para que criem políticas econômicas que ajudem as nações mais pobres. O ministro da Fazenda brasileiro retruca que protecionismo quem faz são as economias mais desenvolvidas. E o presidente dos Estados Unidos se compromete a não tomar medidas de restrição ao comércio exterior, apenas do crescente déficit público. Parece um resumo dos dias atuais, mas as pessoas envolvidas são Johannes Wittevenn, Robert MacNamara, Mário Henrique Simonsen e Jimmy Carter, que participaram naqueles dias de setembro de 77 da 32ª Assembleia do FMI e do Banco Mundial, em Washington.