E o Corinthians chegou finalmente à final do Campeonato Paulista de 1977. Para isso, venceu o São Paulo por 2 a 1 num Morumbi lotado e um domingo ensolarado no dia 2 de outubro. O Timão precisava vencer e entrou com garra, vontade e
o apoio da Fiel, maioria absoluta das mais de 105 mil almas presente no Morumbi
(a proporção era de 5 corinthianos para 1 sãopaulino). Carros e ônibus com
bandeiras alvinegras pintavam não só a cidade, como também as estradas que
davam acesso à capital: Raposo,
Anchieta, Anhanguera, Dutra, formavam uma alegre caravana com muito
buzinaço. O técnico tricolor, Rubens
Minelli, armou o time para segurar o empate, chegando a escalar um tal de Perez
no lugar de Terto só para marcar o ponta-esquerda Romeu. O Timão marcou aos
41 da primeira etapa, com Geraldão
escorando um cruzamento de Basílio. No segundo tempo, logo aos 9 minutos, Romeu
aproveitou um contra-ataque, ampliou o placar e sai para a famosa cambalhota. O
São Paulo foi pra frente e só marcou aos 32 minutos, num lance em que a bola
nem entrou, mas o bandeirinha deu o gol. O resto do jogo foi só emoção e
chutão. Afinal, o empate daria a vaga aos bambis (na época eram os
pós-de-arroz). A final seria decidida contra a
Ponte Preta numa melhor de quatro pontos (ou três jogos). O Corinthians perdera todos os jogos para a Ponte até ali e ia jogar a primeira final desfalcado de Vaguinho e
Romeu. Mas e daí? Com maior número de vitórias no torneio, o Corinthians poderia
empatar a prorrogação do último jogo para levantar a taça. A realização do
sonho estava próxima...
Uma homenagem ao artilheiro Geraldão
Enquanto isso (1)...“Alguma coisa acontece no meu
coração...” Foi na edição de 02 de outubro de 1977 do caderno Folhetim, da
Folha de S. Paulo, que o público brasileiro tomou conhecimento pela primeira
vez da letra da música Sampa, até hoje considerada como a canção-tema não
oficial da cidade. Caetano Veloso foi um dos entrevistados no jornal daquele
domingo (ou outro foi o filósofo francês Jean Paul Sartre) e contou que
escreveu a música para um especial que iria ao ar na TV Bandeirantes. A pedido
dos repórteres Jary Cardoso e Maria José Arrojo, ele divulgou a letra ainda não
superada como retrato fiel da metrópole. O momento cultura estava em alta na
cidade, com show do Caetano, a Bienal que abrira na véspera e o 1ª Mostra
Internacional de Cinema, que ia começar daí há 20 dias.
Enquanto isso (2)... Aquele clássico entre Corinthians e São
Paulo de 35 anos atrás marcou a estreia do locutor Osmar Santos na rádio Globo.
Contratado a peso de ouro e vindo da Jovem Pan, Osmar tinha um jeito
revolucionário de narrar o jogo, com extremo bom humor e com bordões como “ripa
na chulipa e pimba na gorduchina”, “é fogo no boné do guarda”, além do
inesquecível grito de “E que goooooool”. A saída da Pan gerou uma crise, ameaça
de processo por rompimento de contrato, inflação de salários nas emissoras e
uma competição no radio nunca vista antes. Aos poucos, a Globo foi ganhando
audiência e se fixou na memória de uma geração inteira de torcedores.
Enquanto isso (3)... Na noite daquele domingo, a TV Cultura estreou um programa revolucionário para os padrões de então, o Vox Populi, com perguntas do povo nas rusas para um entrevistado no estúdio. O primeiro entrevistado era o temido secretário de Segurança Pública Erasmo Dias, envolvido naqueles dias em episódio de dura repressão a reuniões de estudantes na USP e na PUC.
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