terça-feira, 2 de outubro de 2012

Corinthians 1977 - Rumo ao Título (7)


E o Corinthians chegou finalmente à final do Campeonato Paulista de 1977. Para isso, venceu o São Paulo por 2 a 1 num Morumbi lotado e um domingo ensolarado no dia 2 de outubro. O Timão precisava vencer e entrou com garra, vontade e o apoio da Fiel, maioria absoluta das mais de 105 mil almas presente no Morumbi (a proporção era de 5 corinthianos para 1 sãopaulino). Carros e ônibus com bandeiras alvinegras pintavam não só a cidade, como também as estradas que davam acesso à capital:  Raposo, Anchieta, Anhanguera, Dutra, formavam uma alegre caravana com muito buzinaço. O técnico tricolor, Rubens Minelli, armou o time para segurar o empate, chegando a escalar um tal de Perez no lugar de Terto só para marcar o ponta-esquerda Romeu. O Timão marcou aos 41  da primeira etapa, com Geraldão escorando um cruzamento de Basílio. No segundo tempo, logo aos 9 minutos, Romeu aproveitou um contra-ataque, ampliou o placar e sai para a famosa cambalhota. O São Paulo foi pra frente e só marcou aos 32 minutos, num lance em que a bola nem entrou, mas o bandeirinha deu o gol. O resto do jogo foi só emoção e chutão. Afinal, o empate daria a vaga aos bambis (na época eram os pós-de-arroz). A final seria decidida contra a Ponte Preta numa melhor de quatro pontos (ou três jogos). O Corinthians perdera todos os jogos para a Ponte até ali e ia jogar a primeira final desfalcado de Vaguinho e Romeu. Mas e daí? Com maior número de vitórias no torneio, o Corinthians poderia empatar a prorrogação do último jogo para levantar a taça. A realização do sonho estava próxima...

                                                Uma homenagem ao artilheiro Geraldão


Enquanto isso (1)...“Alguma coisa acontece no meu coração...” Foi na edição de 02 de outubro de 1977 do caderno Folhetim, da Folha de S. Paulo, que o público brasileiro tomou conhecimento pela primeira vez da letra da música Sampa, até hoje considerada como a canção-tema não oficial da cidade. Caetano Veloso foi um dos entrevistados no jornal daquele domingo (ou outro foi o filósofo francês Jean Paul Sartre) e contou que escreveu a música para um especial que iria ao ar na TV Bandeirantes. A pedido dos repórteres Jary Cardoso e Maria José Arrojo, ele divulgou a letra ainda não superada como retrato fiel da metrópole. O momento cultura estava em alta na cidade, com show do Caetano, a Bienal que abrira na véspera e o 1ª Mostra Internacional de Cinema, que ia começar daí há 20 dias.

Enquanto isso (2)... Aquele clássico entre Corinthians e São Paulo de 35 anos atrás marcou a estreia do locutor Osmar Santos na rádio Globo. Contratado a peso de ouro e vindo da Jovem Pan, Osmar tinha um jeito revolucionário de narrar o jogo, com extremo bom humor e com bordões como “ripa na chulipa e pimba na gorduchina”, “é fogo no boné do guarda”, além do inesquecível grito de “E que goooooool”. A saída da Pan gerou uma crise, ameaça de processo por rompimento de contrato, inflação de salários nas emissoras e uma competição no radio nunca vista antes. Aos poucos, a Globo foi ganhando audiência e se fixou na memória de uma geração inteira de torcedores.

Enquanto isso (3)... Na noite daquele domingo, a TV Cultura estreou um programa revolucionário para os padrões de então, o Vox Populi, com perguntas do povo nas rusas para um entrevistado no estúdio. O primeiro entrevistado era o temido secretário de Segurança Pública Erasmo Dias, envolvido naqueles dias em episódio de dura repressão a reuniões de estudantes na USP e na PUC.

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