Ô, ô, ô, corinthiano maloqueiro e sofredor. Era assim que as torcidas adversárias provocavam a Fiel nos anos 60 e 70, aquela desgraçada era sem títulos. A intenção de provocar era dupla: juntava a má fase do time com o preconceito contra a maioria humilde da massa de torcedores. Mas o tiro saía pela culatra. Inflamada, a torcida repetia o refrão de menosprezo e acrescentava um "Graças a Deus" no final.
O Corinthians nunca se escondeu de sua origem humilde, nem da maioria de seus seguidores. Clube popular é assim mesmo. Uma vez vi o Alceu Valença se referir à torcida do Santa Cruz como a "torcida do sarapatéu". Existem exemplos assim no Brasil inteiro.
Mas voltando ao Corinthians, as malocas eram as habitações dos índios e as habitações autoconstruídas em São Paulo, fossem de madeira ou alvenaria, ganharam essa denominação também. Nos anos 50, as malocas foram imortalizadas pelo corinthiano Adoniram Barbosa, na música "Saudosa Maloca". Quem morava nas malocas eram os "maloqueiros", uma espécie de "favelados" de outra época.
Como acontece até hoje com os habitantes da favelas, havia um estigma de bandidagem implícito no termo "maloqueiro". Mas o corinthiano usava a palavra mais como afirmação da condição humilde e a torcida costumava crescer quando era provocada pelos rivais. Lembro que, já nos anos 80, a torcida do Palmeiras entoou um "silêncio na favela" no Pacaembu logo após a marcação de um gol quase no final do jogo. Por um capricho do destino, o Corinthians empatou minutos depois e a torcida devolveu um "é festa na favela" merecido e contagiante. Eu estava lá e também cantei.
Mas os tempos mudaram e, infelizmente, os black blocks da torcidas organizadas acabaram por assumir o outro lado da condição de maloqueiros, o da violência e do crime. No último sábado, invadiram o CT, plantaram o terror, agrediram o autor do gol do Mundial de 2012 e fizeram os jogadores se esconderem como fossem eles os bandidos. Roubaram e vandalizaram.
Se fosse para seguir a cartilha desses "maloqueiros", Tite teria sido demitido após a eliminação contra o Tolima (não sem antes levar uns tapas), o time seria inteiramente reformulado em 2011 e ainda estaríamos amargando a fila na Libertadores.
Quero ver se a diretoria vai ter coragem de usar as imagens do circuito de TV para identificar a bandidagem e processá-los como deve.
Corinthiano de verdade pode ser maloqueiro, mas não é bandido.
Dicionário Corinthiano
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Titebilidade
O uso exagerado do sufixo "bilidade" pelo técnico Tite criou a expressão que dá título ao post que reinaugura o blog Dicionário Corinthiano. E o técnico gaúcho é o tema porque são cada vez mais claros os sinais de que o tal "ciclo" dele no clube se encerrou. O jornal Lance vem reforçando a cada dia que Mano Menezes já está acetado com o Corinthians para 2014.
Ainda que concorde sobre uma "fadiga de material" com o estilo do treinador, que acabou contribuindo para o marasmo dos jogadores nesse segundo semestre de 2013, não vejo vantagem nenhuma nessa troca .
São dois treinadores da escola gaúcha, que preferem uma boa defesa do que um time mais técnico, ambos vencedores no Corinthians. Mas me pergunto o motivo de trocar seis por meia duzia. Para manter o padrão de jogo atual, o nome para treinar o Timão em 2014 não deveria ser outro senão o próprio Tite. São 268 jogos no comando em todas as duas passagens pelo clube, com 131 vitórias, 84 empates, 53 derrotas.
Se devemos mudar, que seja na filosofia de jogo, abdicando um pouco da defesa para tornar o time mais efetivo na frente. Para comandar essa virada, não será o Mano que conseguirá.
Ainda que concorde sobre uma "fadiga de material" com o estilo do treinador, que acabou contribuindo para o marasmo dos jogadores nesse segundo semestre de 2013, não vejo vantagem nenhuma nessa troca .
São dois treinadores da escola gaúcha, que preferem uma boa defesa do que um time mais técnico, ambos vencedores no Corinthians. Mas me pergunto o motivo de trocar seis por meia duzia. Para manter o padrão de jogo atual, o nome para treinar o Timão em 2014 não deveria ser outro senão o próprio Tite. São 268 jogos no comando em todas as duas passagens pelo clube, com 131 vitórias, 84 empates, 53 derrotas.
Se devemos mudar, que seja na filosofia de jogo, abdicando um pouco da defesa para tornar o time mais efetivo na frente. Para comandar essa virada, não será o Mano que conseguirá.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Tentando ser racional
Montei esse blog como parte de uma disciplina num curso de pós-graduação e sabia que raramente voltaria a postar algo quando acabassem as obrigações. De fato, nem mesmo a conquista do Mundial pelo Timão em dezembro me motivou a voltar a escrever. Preferi comemorar, muito, com família e amigos. Não conseguiria descrever a real emoção daquele momento. Mas tive vontade de voltar ao espaço deis dessa semana maluca, que começou com a morte do garoto boliviano e seguiu com ódio destilado nas redes sociais (normal) e em alguns órgãos de imprensa (anormal). Vamos por partes:
1- Sou "quase" totalmente incapaz de pensar racionalmente quando se trata do Corinthians. Defendo "nossos" direitos e conquistas em qualquer situação ou discussão;
2 - Sendo objetivo, uma pessoa morreu num jogo de futebol e há provas suficientes para dizer que foi um corinthiano (não se sabe ainda qual) o responsável pelo disparo do sinalizador que vitimou o boliviano;
3 - O regulamento deste ano da Libertadores já previa que um clube poderia ser responsabilizado por atos praticados pro sua torcida - o grau da punição, está implícito, estaria relacionado à gravidade do ato;
4 - Como a Libertadores é um torneio "diferente" e a Conmebol não tem uma tradição de rigor, sempre há uma chance de ficar tudo na mesma.
5 - A Gaviões da Fiel é famosa por testar os limites de qualquer aparato de segurança que for imposto aos torcedores;
Portanto, acho que uma punição é justa (e olha que estou com três pares de ingressos do meu cartão Fieltorcedor sob risco para esses jogos iniciais da Libertadores), mas defendo que o Corinthians agora precisa o maior de todos os fiscalizadores do torneio. Invasões de campo (ou tentativas de), chuvas de pedras contra jogadores que vão bater laterais ou escanteios (ou mesmo contra a torcida adversária), uso de foguetes, sinalizadores e rojões, seguranças privados agredindo membros da equipe adversária ou da arbitragem, tudo vai precisar de punição por parte da confederação - uma medida preliminar e depois um julgamento definitivo. E olha que seremos muito hostilizados em toda a América Latina, em todos os jogos.
E sou a favor, sim, que o clube cobre da torcida organizada a receita que não vai obter de todos os jogos com os portões fechados.
Não aceito, no entanto, a indignação seletiva de várias figurinhas carimbadas da mídia. Em especial de um Grupo que está usando o caso para se vingar da perda dos direitos de transmitir o Campeonato Brasileiro, quando o Corinthians capitaneou a implosão do Clube dos 13.
E também não deleguei para ninguém o direito de brigar pelo ressarcimento dos valores que paguei pelos ingressos. Isso eu resolvo, se eu quiser, com os canais competentes.
1- Sou "quase" totalmente incapaz de pensar racionalmente quando se trata do Corinthians. Defendo "nossos" direitos e conquistas em qualquer situação ou discussão;
2 - Sendo objetivo, uma pessoa morreu num jogo de futebol e há provas suficientes para dizer que foi um corinthiano (não se sabe ainda qual) o responsável pelo disparo do sinalizador que vitimou o boliviano;
3 - O regulamento deste ano da Libertadores já previa que um clube poderia ser responsabilizado por atos praticados pro sua torcida - o grau da punição, está implícito, estaria relacionado à gravidade do ato;
4 - Como a Libertadores é um torneio "diferente" e a Conmebol não tem uma tradição de rigor, sempre há uma chance de ficar tudo na mesma.
5 - A Gaviões da Fiel é famosa por testar os limites de qualquer aparato de segurança que for imposto aos torcedores;
Portanto, acho que uma punição é justa (e olha que estou com três pares de ingressos do meu cartão Fieltorcedor sob risco para esses jogos iniciais da Libertadores), mas defendo que o Corinthians agora precisa o maior de todos os fiscalizadores do torneio. Invasões de campo (ou tentativas de), chuvas de pedras contra jogadores que vão bater laterais ou escanteios (ou mesmo contra a torcida adversária), uso de foguetes, sinalizadores e rojões, seguranças privados agredindo membros da equipe adversária ou da arbitragem, tudo vai precisar de punição por parte da confederação - uma medida preliminar e depois um julgamento definitivo. E olha que seremos muito hostilizados em toda a América Latina, em todos os jogos.
E sou a favor, sim, que o clube cobre da torcida organizada a receita que não vai obter de todos os jogos com os portões fechados.
Não aceito, no entanto, a indignação seletiva de várias figurinhas carimbadas da mídia. Em especial de um Grupo que está usando o caso para se vingar da perda dos direitos de transmitir o Campeonato Brasileiro, quando o Corinthians capitaneou a implosão do Clube dos 13.
E também não deleguei para ninguém o direito de brigar pelo ressarcimento dos valores que paguei pelos ingressos. Isso eu resolvo, se eu quiser, com os canais competentes.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
R.I.P. Sylvia Kristel (outra louca do bando)
Ok, a notícia parece velha. Sylvia Kristel, heroína de uma geração inteira, morreu na semana passada. O que pouca gente sabe é que ela veio ao Brasil em 1977, menos de uma semana depois de o Corinthians havia conquistado o título de campeão paulista daquele ano, saindo de um jejum de mais de duas décadas sem títulos. E, naquele dias de festa, ela chegou a posar com a camisa do Timão e fazendo um brinde com champanhe. A foto acima é da revista Manchete. É a mesma revista que fala da festa do título. A capa era a Sylvia, num close muito bonito.
sábado, 13 de outubro de 2012
Corinthians 1977 - Rumo ao Título (10)
Chegou o grande dia, ou melhor, a grande noite. Depois de 22 anos e oito meses, o Corinthians tinha tudo naquele 13 de outubro de 1977 para conquistar um título que seria inédito para toda uma geração de torcedores. Após uma vitória por 1 a 0 e uma derrota por 2 a 1 para a Ponte Preta, o Timão precisava só de mais dois pontos para garantir o título. Um empate no tempo normal e outro na prorrogação também servia, mas ninguém queria nem pensar na hipótese. Dar chance para o azar agora, sem chance. Meio ressabiada com a derrota no domingo anterior, a Fiel veio em menor número. "Apenas" 86 mil pagantes. A cidade vivia uma atmosfera que só se viu de novo n noite de 4 de julho de 2012, quando o Timão se preparava para a conquista da Libertadores. Sem Zé Eduardo e Palhinha, Osvaldo Brandão colocou em campo Ademir e Luciano. E mandou o time pra cima da Ponte. Logo no começo, Luciano acertou a tarve e, na volta, Geraldão chutou em cima de Polozzi, que quase marcou contra. Romeu ainda chutou uma bola raspando a trave direita de Carlos e Geraldão quase fez de bicicleta. Mas Rui Rei, centroavante da Ponte, resolveu dar um showzinho. Meteu a mão na bola, reclamou de falta e tomou um amarelo. Continuou xingando o árbitro Dulcídio Vanderlei Boschilia e foi expulso. Desesperado, ainda tentou levar alguém do Corinthians com ele. Mas o time estava ligado, não caiu na provocação e manteve-se incrivelmente calmo. No segundo tempo, apesar da pressão, o gol não saía. Foi quando Angelo meteu a mão na bola, bem na lateral da grande área. Zé maria cobrou a falta na cabeça de Basílio, que escorou de cabeça para Vaguinho acertar a trave. O lateral Wladimir emendou de cabeça em cima do zagueiro Oscar, que rebateu na direção de Basílio. A santa perna direita do pé de anjo meteu a bola no fundo da rede. Eram 36 minutos e 45 segundo do segundo tempo (22h10) daquela noite. A cidade soltou um daqueles gritos inesquecíveis. Nunca ninguém tinha visto nada igual. Houve carnaval em cada rua, em cada bairro, em cada cidade do interior de São Paulo ou mesmo do Brasil, já que o jogo teve transmissão pela TV em rede.
A festa do título foi tão grande que até o Cascão, personagem de quadrinhos e tirinhas criado por Maurício de Souza, quase tomou banho. Foi uma promessa do pequeno corinthiano, que não se cumpriu. Durante quase dois meses, leitores escreveram para a Folha de São Paulo sugerindo um lugar para o banho, mas nada foi cumprido.
Num balanço parcial de incidentes feito pela Folha, foram detidas 600 pessoas durante a festa que varou a madrugada e foram contabilizados 13 mortos, por violência ou acidente. Na Bela Vista, um palmeirense tentou tirar o sarro de torcedores da ponte e teve parte da orelha arrancada a dentadas.
Manchete de jornais no dia seguinte:
Corinthians Campeão! É o grito de um povo! (Diário Popular)
Corinthians Campeão: o povo canta nas ruas (Folha da Tarde)
Campeão dos Campeões (Gazeta Esportiva)
Este título é nosso. É do povo. Ninguém rasga (Diário da Noite)
Corinthians é um só grito de alegria: campeão de 77 (Cidade de Santos)
Saravá, campeão (Coração)
Enfim, Corinthians (Última Hora-RJ)
Corinthians, um grito de amor no Brasil (Notícias Populares)
Corinthians campeão: acabou o sofrimento (Popular da Tarde)
Corinthians vence e leva 1 milhão de pessoas em carnaval às ruas (Jornal do Brasil-RJ)
Agora, o bi Corinthians (edição especial de Placar)
Campeão! O grito 22 anos depois(O Estado de S. Paulo)
Depois de 23 anos, Corinthians campeão (O Globo-RJ)
Corinthians, meu campeão (Jornal da Tarde)
Haja cachaça (Última Hora-SP)
Corinthians Campeão! Quebrou o encanto da manchete impossível (Jornal dos Sports-RJ)
A festa do título foi tão grande que até o Cascão, personagem de quadrinhos e tirinhas criado por Maurício de Souza, quase tomou banho. Foi uma promessa do pequeno corinthiano, que não se cumpriu. Durante quase dois meses, leitores escreveram para a Folha de São Paulo sugerindo um lugar para o banho, mas nada foi cumprido.
Num balanço parcial de incidentes feito pela Folha, foram detidas 600 pessoas durante a festa que varou a madrugada e foram contabilizados 13 mortos, por violência ou acidente. Na Bela Vista, um palmeirense tentou tirar o sarro de torcedores da ponte e teve parte da orelha arrancada a dentadas.
Manchete de jornais no dia seguinte:
Corinthians Campeão! É o grito de um povo! (Diário Popular)
Corinthians Campeão: o povo canta nas ruas (Folha da Tarde)
Campeão dos Campeões (Gazeta Esportiva)
Este título é nosso. É do povo. Ninguém rasga (Diário da Noite)
Corinthians é um só grito de alegria: campeão de 77 (Cidade de Santos)
Saravá, campeão (Coração)
Enfim, Corinthians (Última Hora-RJ)
Corinthians, um grito de amor no Brasil (Notícias Populares)
Corinthians campeão: acabou o sofrimento (Popular da Tarde)
Corinthians vence e leva 1 milhão de pessoas em carnaval às ruas (Jornal do Brasil-RJ)
Agora, o bi Corinthians (edição especial de Placar)
Campeão! O grito 22 anos depois(O Estado de S. Paulo)
Depois de 23 anos, Corinthians campeão (O Globo-RJ)
Corinthians, meu campeão (Jornal da Tarde)
Haja cachaça (Última Hora-SP)
Corinthians Campeão! Quebrou o encanto da manchete impossível (Jornal dos Sports-RJ)
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Corinthians 1977 - Rumo ao Título (9)
"O domingo que lembrou 16 de julho". Esse foi o título de uma matéria que li na Placar daquela semana do quase fatídico 9 de outubro. A outra data era uma alusão á final da Copa do Mundo de 1950, quando um Maracanã superlotado assistiu o sonho de a Seleção Brasileira ser campeã do mundo pela primeira vez virar pó, aos pés de Ghiggia e Schiaffino. O cenário para o segundo jogo entre Corinthians e Ponte Preta era parecido, com recorde de público e festa preparada. Os 23 anos e oito meses de sofrimento iam acabar. Bastava esperar os 90 minutos. Mas times que enfrentam uma longa fila sofrem catástrofes muitas vezes sem explicação. A Ponte trabalhou bem o jogo de nervos antes do jogo: reclamou de a final ser no Morumbi (essa escolha havia sido feita duas semanas antes, quando as chances do Corinthians se classificar eram remotas), queixou-se de Romualdo Arpi Filho ser o árbitro designado para o jogo e chegaram até a divulgar um boato de que Adãozinho fora pego no antidoping após a primeira partida. Tudo jogo de cena. A cidade preparou-se para um grito de campeão que não se ouvia há mais de duas décadas. Durante todo o sábado e domingo, carros passavam pela cidade num buzinaço ensurdecedor. As estradas que ligavam o interior e o litoral à capital abrigaram caravanas de torcedores de todos os cantos.
E no Morumbi? Bem, simplesmente o estádio recebeu o maior público de toda a sua história: 138.032 pagantes e 8.050 menores. Nunca antes, nunca mais tanta gente foi ao estádio. Antes do jogo, um grande susto. Um pequeno barracão que abrigava centenas de balões a gás que seriam soltos na entrada dos times explodiu em frente ás cativas inferiores. Sete pessoas foram hospitalizadas, com queimadura de primeiro e segundo graus. A Folha de São Paulo veio com um caderno em cores sobre a final e ainda com a capa do caderno Folhetim daquele domingo remetendo ao torcedor corinthiano. Em destaque, Elisa,a viúva torcedora símbolo dos anos sem título. Símbolo da paixão. As casas de artigos de umbanda não davam conta da demanda, assim como os vendedores de bandeiras e chapéus. Do lado de fora do estádio, muita cerveja e muita cachaça. Dentro, parecia que cada torcedor tinha uma bandeira (vejam abaixo). E as faixas? "Eu te amo, não me mates!", bradava uma, "Deus e a Fiel estão aqui", lembrava outra. "Tudo nos une, nem o divórcio nos separa", defendia outra, fazendo alusão ao projeto em discussão no Senado.
Imagens da torcida do Corinthians no 2º jogo
E o jogo, vc deve ter perguntado. Bem, acredito muito que só grandes times sofrem grandes decepções. O Corinthians entrou em campo precisando apenas de uma vitória para ser campeão. Se empatasse, precisaria de um novo empate, no tempo normal e na prorrogação, num terceira partida. Olhando para trás, acredita-se que o técnico Osvaldo Brandão errou ao não atacar a Ponte desde o início. Ele optou por marcar o adversário em seu campo de defesa e partir para os contra-ataques só na boa. Afinal, a tática dera certo no primeiro jogo. Só que, na quarta-feira, o time estava desfalcado de seus dois pontas (Vaguinho e Romeu), o que não era o caso no domingo. No primeiro tempo, a Ponte teve muita posse de bola, mas conseguiu entrar pouco na área corinthiana. Aos 30 minutos, Palhinha saiu com estiramento muscular e Vaguinho entrou em seu lugar. Aos 43, lançado no meio da zaga ponte-pretana, o próprio Vaguinho encobriu Carlos e fez o 1 a 0, do mesmo jeito que o Brasil marcou primeiro contra o Uruguai. A festa do "título" durou todo o intervalo. mesmo quem estava em casa, saiu para comemorar e só voltou quando o jogo já estava correndo no segundo tempo. Como maldição é maldição, o mundo desabou sobre a nação corinthiana. Aos 22 minutos, Romualdo marcou uma falta não existente de Zé Eduardo e Dicá (Schiaffino?) guardou na gaveta. Assustou, mas a Fiel ainda gritou e cantou. Até que, num lance de pura sorte, a boa sobrou para Rui Rei (Ghiggia?) virou o jogo aos 33 minutos. Depois, foi só cera da Ponte, sob os olhares complacentes do juiz. Dá para escrever uma enciclopédia com o "azar" que Romualdo dava ao Timão naquela época. Ficou tudo para a quinta-feira à noite, dia 13, no mesmo Morumbi. Tudo bem, quem esperou quase 23 anos, podia esperar mais quatro dias. Palhinha provavelmente não iria jogar, assim como Zé Eduardo (terceiro cartão) e Adãozinho (expulso, no final do jogo). Pela Ponte, não ira jogar Odirlei, também por cartão.
Frases sobre o Corinthians na época:
"Ele é tudo o que o povo tem" (Elisa, torcedora símbolo)
"Um povo que não tem vitórias na vida e que procura no campo de futebol a própria razão de sua existência" (D. Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de Paulo na época e corinthiano sempre)
E no Morumbi? Bem, simplesmente o estádio recebeu o maior público de toda a sua história: 138.032 pagantes e 8.050 menores. Nunca antes, nunca mais tanta gente foi ao estádio. Antes do jogo, um grande susto. Um pequeno barracão que abrigava centenas de balões a gás que seriam soltos na entrada dos times explodiu em frente ás cativas inferiores. Sete pessoas foram hospitalizadas, com queimadura de primeiro e segundo graus. A Folha de São Paulo veio com um caderno em cores sobre a final e ainda com a capa do caderno Folhetim daquele domingo remetendo ao torcedor corinthiano. Em destaque, Elisa,a viúva torcedora símbolo dos anos sem título. Símbolo da paixão. As casas de artigos de umbanda não davam conta da demanda, assim como os vendedores de bandeiras e chapéus. Do lado de fora do estádio, muita cerveja e muita cachaça. Dentro, parecia que cada torcedor tinha uma bandeira (vejam abaixo). E as faixas? "Eu te amo, não me mates!", bradava uma, "Deus e a Fiel estão aqui", lembrava outra. "Tudo nos une, nem o divórcio nos separa", defendia outra, fazendo alusão ao projeto em discussão no Senado.
Imagens da torcida do Corinthians no 2º jogo
E o jogo, vc deve ter perguntado. Bem, acredito muito que só grandes times sofrem grandes decepções. O Corinthians entrou em campo precisando apenas de uma vitória para ser campeão. Se empatasse, precisaria de um novo empate, no tempo normal e na prorrogação, num terceira partida. Olhando para trás, acredita-se que o técnico Osvaldo Brandão errou ao não atacar a Ponte desde o início. Ele optou por marcar o adversário em seu campo de defesa e partir para os contra-ataques só na boa. Afinal, a tática dera certo no primeiro jogo. Só que, na quarta-feira, o time estava desfalcado de seus dois pontas (Vaguinho e Romeu), o que não era o caso no domingo. No primeiro tempo, a Ponte teve muita posse de bola, mas conseguiu entrar pouco na área corinthiana. Aos 30 minutos, Palhinha saiu com estiramento muscular e Vaguinho entrou em seu lugar. Aos 43, lançado no meio da zaga ponte-pretana, o próprio Vaguinho encobriu Carlos e fez o 1 a 0, do mesmo jeito que o Brasil marcou primeiro contra o Uruguai. A festa do "título" durou todo o intervalo. mesmo quem estava em casa, saiu para comemorar e só voltou quando o jogo já estava correndo no segundo tempo. Como maldição é maldição, o mundo desabou sobre a nação corinthiana. Aos 22 minutos, Romualdo marcou uma falta não existente de Zé Eduardo e Dicá (Schiaffino?) guardou na gaveta. Assustou, mas a Fiel ainda gritou e cantou. Até que, num lance de pura sorte, a boa sobrou para Rui Rei (Ghiggia?) virou o jogo aos 33 minutos. Depois, foi só cera da Ponte, sob os olhares complacentes do juiz. Dá para escrever uma enciclopédia com o "azar" que Romualdo dava ao Timão naquela época. Ficou tudo para a quinta-feira à noite, dia 13, no mesmo Morumbi. Tudo bem, quem esperou quase 23 anos, podia esperar mais quatro dias. Palhinha provavelmente não iria jogar, assim como Zé Eduardo (terceiro cartão) e Adãozinho (expulso, no final do jogo). Pela Ponte, não ira jogar Odirlei, também por cartão.
Frases sobre o Corinthians na época:
"Ele é tudo o que o povo tem" (Elisa, torcedora símbolo)
"Um povo que não tem vitórias na vida e que procura no campo de futebol a própria razão de sua existência" (D. Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de Paulo na época e corinthiano sempre)
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Boa sorte, Tupãzinho
Passada a eleição, já podemos falar um pouco de política. Vi uma notícia que me deixou bem feliz: Tupãzinho, herói da conquista de nosso primeiro campeonato brasileiro, em 1990, foi eleito vereador na cidade de Tupã. Filiado ao PSB, o autor do gol do título contra os bambis teve 90 votos. A disputa lá é bem menos acirrada que nas capitais, mas ele fez bonito se pensarmos que Marcelinho Carioca e Dinei não conseguiram uma vaga em São Paulo. Proeza que o Biro-Biro já havia alcançado há quse duas décadas. Boa sorte, Tupã.
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