sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Corinthians 1 x 0 Palmeiras (31/08/77) - Ensaio do Carnaval

Há 35 anos, o Corinthians iniciava sua arrancada rumo ao título de campeão paulista de 1977, o ano da redenção. Carregando o fardo de não levantar uma taça importante há quase 23 anos, o Timão ia enfrentar à noite seu maior rival, o Palmeiras, pelo titulo da Taça Cidade de São Paulo, equivalente ao segundo turno da competição. O título era quase simbólico, uma vez que o terceiro e decisivo turno ia começar no final de semana, mas a cidade parou mesmo assim. Será que o time ia tremer? A lembrança da derrota em 1974 ia atrapalhar? Nada disso. O time era de guerreiros, equilibrava bem garra e técnica e a torcida vivia um momento único em sua história. As filas no Anhangabaú para pegar a condução ao Morumbi, os ônibus da CMTC, começaram às 15h e se estendiam do Viaduto do Chá até a avenida São João. Os portões do estádio foram abertos quando o São Paulo ainda estava treinando. Dos 102.939 pagantes e 4.880 menores que compareceram, quase 90% eram corinthianos (os relatos estão nos jornais da época). Primeiro tempo nervoso, cheio de faltas duras. Mas o Timão estava muito focado e, com tranquilidade, foi dominando o jogo, até que Geraldão aproveitou aos 29 min do 2º tempo um rebote de Leão em chute do lateral Wladimir e decretou nossa vitória. Enlouquecida, a torcida fez um carnaval na madrugada de 1º de setembro e seguiu a taça, que estava num carro do coro de bombeiros da Avenida Paulista até o parque S. Jorge. Lembro que a revista Placar deu o seguinte título para  a matéria sobre o jogo: "A quarta-feira da paixão". Nos vestiários, o presidente Vicente Matheus decretou: "Esse foi o apronto para a conquista do título final". Amém. Em 13 de outubro, veio a libertação final. Mas essa é outra história.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Craques de Corinthians e Fluminense

Fiquei pensando no que postar sobre o jogo de hoje à noite entre Corinthians e Fluminense. Falar da invasão do Maracanã em 1976 é um pouco óbvio e merece um post à parte em outra ocasião. Como temos o caso recente da vinda do Emerson Sheik das Laranjeiras para o Parque São Jorge, para as conquistas do Campeonato Brasileiro de 2011 e da Libertadores 2012, tive a ideia de listar alguns craques que vestiram as duas camisas. Natural pensar de cara no Rivelino, o Reizinho do Parque, que ficou intimamente identificado com aquele período sem títulos entre as décadas de 60 e 70, tanto que saiu corrido de São Paulo para ser bicampeão carioca na Máquina Tricolor de 1975 e 1976. Citando a invasão, a mágoa corinthiana era tanta que a Fiel levou faixas para o estádio com dizeres tipo "Ruimvelino" e "Horrivelino". Mas antes dele tivemos o centroavante Flavio, artilheiro do Paulistão de 1967 e um dos heróis da quebra do Tabu contra o Santos em 1968. Também saiu do Corinthians, em 1969, para ser campeão no Flu no mesmo ano, fazendo os três gols na final contra o Flamengo. Pouca gente lembra, mas o Vampeta jogou nas Laranjeiras, emprestado pelo holandês PSV, antes de brilhar no Corinthians na virada dos anos 90 para os 2000. E o grande goleiro Ronaldo não teve no Flu o mesmo brilho que mostrou no alvinegro. O meia Carlos Alberto, revelando pelo Flu, foi campeão brasileiro no Timão em 2005. E ainda tem o He-Man Rafael Moura, que fez seus golzinhos lá e cá, mas não brilhou em nenhum dos dois.

                                                         
                                                    Flavio, Sheik e Ronaldo


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Corinthians 5 x 4 Lusa (R.I.P. Félix)

Morreu hoje o ex-goleiro Félix, campeão do mundo em 1970. Sempre elogiei muito aquela seleção, uma síntese de futebol bem jogado, com plano tático bem desenvolvido e preparo físico monumental. Diziam que faltava um goleiro naquela time e que os reservas Leão e Ado (do Corinthians) eram melhores que o titular. Mas vi uns tapes da Copa e o Félix fechou o gol contra a Inglaterra, no jogo mais difícil. Mas o que o Félix está fazendo num blog sobre Corinthians? Ora, antes de ir para o Fluminense, ele foi titular alguns anos na Portuguesa e estava no gol num dos jogos mais emocionantes da história do Corinthians. Foi em 1966, pelo Rio-São Paulo. Começo fulminante, com o Timão fazendo 2 a 0 em menos de dois minutos. A Lusa empatou e foi igualando o marcador a cada vantagem que o Corinthians obtinha. O atacante Flavio foi o herói, com três gols, sendo o último numa falta cobrada no ângulo aos 42 minutos do segundo tempo. Abaixo, o relato do jogo no Estadão no dia seguinte e um compacto da TV Bandeirantes. Descanse em paz, Félix.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Do pó de arroz ao bambi, os tricolores sempre foram "finos"

Antes de um clássico como o de domingo, pode até soar como provocação, mas é preciso colocar os pingos nos is. Não é de hoje que os sãopaulinos são chamados de gays, veados, homossexuais e outros nomes. Quando comecei a torcer e ir aos estádios, nos anos 70, a torcida tricolor usava como marketing a história de serem mais finos e educados e gastavam toneladas de pó de arroz nos jogos (a Dragões da Real era a mais animada). No primeiro jogo que fui contra eles, quando a torcida tentou entoar uns gritos de guerra, um corinthiano ao meu lado bradou: - seus travestis!. Pois bem, comecemos com a história do pós de arroz. Isso começou no Rio de Janeiro, com o Fluminense, que herdou uns jogadores do América ainda nos anos 10 do século XX, entre eles um mulato, chamado Carlos Alberto. Com o esporte elitista e o clube racista, um jeito de evitar críticas da torcida foi "clarear" a pele com o tal do pós de arroz. Claro que as torcidas adversárias passaram a usar isso como forma de tirar um sarro. O ambiente do futebol é machista mesmo e um jeito de desestabilizar adversários é sugerir que um jogador, um torcedor, um dirigente seja efeminado. Pois bem, o São Paulo surgiu nos anos 30, quando o futebol já não era tão elitista e aceitava sem problemas jogadores negros (com algumas exceções, né Grêmio e Palmeiras?). A torcida sãopaulina começou a usar isso para se diferenciar, sem nenhum tipo de pressão social ou qualquer outra desculpa. Sobre o Bambi, o filme foi feito pela Disney em 1942 e, apesar de o personagem ser um tando frutinha, era algo infantil. Mas, com o tempo, chamar alguém de veadinho ou de bambizinho acabou virando uma ofensa. Para achegar ao futebol e para que as torcidas associassem a alcunha aos times "de elite" não precisou de muita coisa. Em 1969, Estevam Sangirardi criou vários personagens torcedores de futebol em seu Show de Radio e o sãopaulino era um sujeito afetadíssimo chamado Lorde Didu du Morumbi, que tinha um mordomo chamado Archibald. E a torcida sãopaulina adorava. Quando o Vampeta tornou o apelido Bambi célebre, já nos anos 90, foi apenas uma constatação. Abaixo, links para um video dos sãopaulinos festejando com pó de arroz em 1978 e um programa do Show de Radio que tem o tal do Didu.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Eterno 11 a zero (o Santos nunca soube perder)

A torcida do do Corinthians vive levando a campo nos clássicos contra o Santos faixas aludindo ao "Eterno 7 a 1", numa referência à goleada impiedosa aplicada sobre o rival no Campeonato Brasileiro de 2005, com um show de Carlitos Tevez - e também uma provocação ao filme Pelé Eterno, documentário que estreara um ano antes. Mas eterno mesmo é o resultado de 11 a 0 aplicado no Campeonato Paulista de 1920. Pelo relato do Estadão no dia seguinte (veja abaixo), o gramado da Vila estava um charco e ainda foi realizada uma preliminar, que o Timão ganhou também. O primeiro tempo do jogo principal terminou 3 a 0, e foi aos 10 minutos do segundo tempo que a coisa degringolou para os peixeiros. O juiz deu "hands" e marcou um "penalty-kick" para o Corinthians, o que gerou protestos dos santistas. Não ficou explicado no relato do jogo, mas depois do quarto gol o Santos passou a revezar alguns jogadores no gol e foi forçando expulsões (cinco). mesmo com o jogo acabando aos 21 minutos do segundo tempo, ainda deu para enfiar mais sete gols nos caras. Não é verdade que o time deles marcou várias vezes contra sua meta, pois apenas um gol foi contra. Fugir da raia durante uma goelada parece ser uma praxe na história santista: em 1963, eles fizeram um cai-cai num clássico que o São Paulo vencia por 4 a 1. Lmbro que, em 1978, o Sócrates impediu que o Ailton Lira batesse num juiz durante um clássico (ele armou o soco). E não dá para esquecer que eles apagaram a luz do estádio no jogo da Libertadores deste ano, durante um contra-ataque do Corinthians. Saber perder faz parte de ser um grande time.
 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Corinthians no Cinema 1 (Moral em Concordata)


Estava querendo iniciar essa série, que vai falar de filmes com alguma referência ao Corinthians, com um exemplo nada óbvio. E lembrei deste filme de 1959, "Moral em Concordata", com Jardel Filho e Odete Lara. Livremente "inspirado" no filme de Elia Kazan "Uma Rua Chamada Pecado", da peça de Tennessee Willians "Um Bonde Chamado Desejo", o filme mostra um Jardel Filho (Raul), operário beberrão, mulherengo e morador da Mooca, casado com a submissa Estrela (não, não é Stella). Ela tem uma irmã lindona e prostituta de luxo chamada Rosário (Maria Della Costa) e inveja sua liberdade. Quando o casal tem uma briga, Raul vai embora e leva o filho do casal. Estrela vai morar com a irmã e acaba embarcando no meso estilo de vida, embora consiga a guarda do filho de volta. A sinopse oficial diz que o casal brigou porque o time do Raul perdeu. Bem, o time é o Corinthians e o personagem vivido por Jardel Filho tinha comprado umas cervejas para acompanhar o jogo pelo radio. O time é roubado pelo juiz (como sempre) e perde para o Taubaté em pleno Pacaembu, precipitando toda a briga do casal. Vi o filme no canal Brasil e as imagens da Mooca antiga e a referência ao Timão me pegaram no ato. O visual do Jardel Filho, chupado do inesquecível Stanley Kowalski (Marlon Brando) também chama a atenção.


Ficha técnica aqui


Sócrates estreia no Corinthians

Lá vamos nós de novo com uma efeméride. Hoje faz 34 anos que o Doutor Sócrates estreou no Corinthians. Foi num clássico contra o Santos, no Morumbi, para 111.103 pagantes e 6.525 menores, na abertura do Campeonato Paulista. Foi meu primeiro jogo num estádio de futebol. O presidente Vicente Matheus estava tentando montar um esquadrão: além do Magrão, chegou o zagueiro Amaral e estava em negociação a vinda do Batista, do Inter. E olha que o Matheus já havia tentado Falcão, Cerezzo, o meia/ponta Dirceu e, dizem, Enéas (Portuguesa). O Corinthians já havia tirado a zica da fala de títulos em 1977 e nada mais temia. O Santos estava saindo de um período de seca de títulos e muitas dívidas e apresentava sua geração de meninos da Vila. O times deles era rápido, o nosso era técnico e raçudo. Resultado final: 1 a 1, com gols de Pita, para o Santos, e Rui Rei (numa cavadinha a la Romarinho) para o Timão. Os dois times fariam a final daquele turno, com vitória nossa, claro. Abaixo, links para um site especial da TV Cultura sobre a carreira do saudoso Doutor Sócrates e um video no Youtube que achei mostrando a campanha do Santos naquele ano. O primeiro jogo é esse que eu descrevi.

http://tvcultura.cmais.com.br/socrates

Corinthians 1 x 1 Santos (20/08/1978)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Corinthians goleia o Palmeiras (1952)

Pesquisando  no Almanaque do Timão, do Celso Unzelte, à procura de alguma efeméride corinthiana, me deparei com um jogo histórico, que vai completar 60 anos no próximo dia 27: Corinthians 5 x 1 Palmeiras. Esse jogo marcou a conquista definitiva da Taça Cidade de São Paulo, triangular que reunia os melhores do último campeonato paulista. No primeiro jogo, disputado no dia 17/08/52, goleamos a Portuguesa por 4 x 0, com dois gols de Carbone. Não satisfeito, o atacante enfiou mais três nos palestrinos. Chupa!

Abaixo, a edição da Folha da Noite sobre o jogo. E o Estadao, que usou o espaço do plantão "Última Hora Esportiva", para noticiar a conquista.




quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Gringos


Agora que o peruano Guerrero já estreou e que estamos no aguardo do primeiro jogo do argentino Martinez pelo Timão, é bom relembrar casos de "gringos" que jogaram no Corinthians. O Tevez dispensa apresentações. Artilheiro, raçudo, técnico, veloz, chegou ídolo e saiu ídolo no clube. O zagueiro Gamarra também viveu uma fase espetacular no Brasileiro de 1999 - lembro de antecipações que ele fazia no meio da zaga que a gente comemorava como um gol. Não podemos esquecer nunca do colombiano Ríncon e do saudoso, mas limitado, Daniel Gonzalez. Mas tivemos também casos que não deram certo. O mais famoso é do volante uruguaio Martín Taborda, que chegou em 1978. Lembro que, naquela época, todo time queria achar um Figueroa, chileno símbolo do bicampeonato do Internacional em 75-76. O Corinthians pensou que também tinha achado um.Veio no Nacional do Uruguai, contratado por 190 mil dólares (5 milhões de cruzeiros). A expectativa era tamanha que a estreia teve um Pacaembu lotado com 67 mil pagantes e 4 mil menores. 2 a 1 no Noroeste, de virada e com um jogador a menos. Chegou em setembro, estreou em outubro e já ganhou o título do primeiro turno em novembro, numa memorável final contra o Santos (video abaixo). Mas o jogador não era tudo aquilo e a Fiel foi se desencantando.Pelo preço pago, um fiasco. A ESPN Brasil achou o Taborda lá no Uruguai recentemente. Veja no link abaixo. E qualquer dia eu falo do Hugo De León.





Matéria da ESPN Brasil sobre o Taborda

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

01/08/82 - Nasce a "Democracia Corinthiana"

Ha exatos 30 anos, o dia amanheceu meio nublado, sem indicações de que poderia haver chuva. Uma crise de bronquite na véspera quase balançou minha vontade de ir ao Morumbi ver o Corinthians x Palmeiras do 1º turno do Paulistão de 82. Chamei meu tio, que alegou que a recente crise política do Timão ia atrapalhar em campo - o Vicente Matheus estava aporrinhando o o novo presidente, Waldemar Pires. Meu irmão tava sem grana e banquei a entrada dele. O jogo começou como qualquer derby, amarrado e meio lá e cá. Abrimos o placar no primeiro tempo (Biro-Biro), tomamos o empate, fizemos o segundo (Sócrates) e... E o mundo começou a mudar. Assisti a um show de bola nos últimos minutos do jogo, o "nascimento" do Casagrande, com três gols em quatro minutos. Mais do que isso, vi o que pode ser considerado como a instalação da Democracia Corinthiana. 5 a 1 num clássico desses, com essa história, deu o aval para que Dr. Sócrates e companhia dessem início ao movimento que abalou as estruturas do arcaico futebol brasileiro.